segunda-feira, julho 20

Olhos Azuis

Já antecipo que o que escreverei é menos crítica e mais desabafo. Essa que vos escreve foi conferir uma noite do festival. Por coincidência, assisti ao filme que ganhou seis garotinhas de ouro, o Olhos Azuis de José Joffily: melhor longa-metragem ficção, roteiro, atriz, ator coadjuvante (merecidíssimo), som e montagem.

Nessa mesma noite, foi exibido o documentário com o poeta Manoel de Barros, Só dez por cento é mentira, de Paulo Cezar. Uma pena que cheguei atrasada e entrei no meio, isso porque fui de ônibus de Campinas até lá, e digamos que o transporte público para o glamouroso Teatro não colabora com o acesso ao tapete vermelho do evento.

Olhos Azuis também me incomodou. Talvez eu já esteja carregada de expectativas em relação a filmes brasileiros, o que me faz pensar que este pouco se parece nacional: não é nem inventivo, nem global. Facilmente entrará pras grandes redes de exibição, inclusive americanas, o que invés de orgulhar, é motivo de lamento. Lá se vão mais de R$2 milhões pra reproduzir o formato cinema de shopping: pretensioso comercialmente, redundante cinematograficamente.

O roteiro aposta na narrativa e em fórmulas hollywoodianas, abusa de esteriótipos e joga baixo, recorrendo a truques clichês pra criar um clima de suspense e sustos, além de apelar pro maniqueísmo para os momentos de clímax pontuais e decisivos. Não há dúvida que é uma mega produção, elenco internacional, filme multilíngüe (predominando o inglês) e excelentes atuações viscerais. Contudo, mais do mesmo. Pelo menos não tem explosões.

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